Por Diversos movimentos

Na última semana do mês de maio, em Goiânia, trabalhadoras do Centro de Documentação Dom Tomas Balduíno da Comissão Pastoral da Terra (CEDOC-CPT) foram demitidas pela Coordenação Nacional (CONAC) após denunciarem assédio de antigo coordenador do setor de documentação . A denúncia completa pode ser acessada nas páginas Invisíveis (@invisiveistrabalhador), Treta no Trampo (@tretanotrampo) e Tem Base isso? (@tembaseisso).

Os relatos e a denúncia indicam que elas sofreram assédio moral sistemático do antigo coordenador entre 2021 e 2024 e, conjuntamente a diversas mulheres da Entidade, enviaram ao Comitê de Ética da Entidade uma denúncia. O Comitê deu parecer favorável a demissão do coordenador, mas a decisão final ficou a cargo da diretoria e coordenação nacional da entidade. Contudo, as trabalhadoras não foram informadas da decisão da diretoria e Conac sobre o denunciado, e, como forma de retaliação, a coordenação demitiu as trabalhadoras à revelia do seu próprio comitê de ética. Esse contexto se soma a outros processos trabalhistas em andamento e ao medo de novas demissões ou retaliações pela denúncia.

A CPT tem uma atuação histórica na atuação em defesa trabalhadores(as) do campo desde a ditadura militar, em 1975. Justamente por meio do CEDOC-CPT e seus agentes de base, produz os dados sistematizados anualmente no Caderno de Conflitos no Campo Brasil, denunciando as violências brutais cometidas pelo Agronegócio. Sem eles, teríamos uma noção menos completa da ação expoliadora que enriquece fazendeiros e da conivência do Estado brasileiro com isto.

A ação da CPT, sobretudo seus agentes de base e os dados de conflitos no campo, são um instrumento e um patrimônio de toda a classe trabalhadora, camponeses, dos povos indígenas, comunidades quilombolas e demais comunidades tradicionais. E, é por isso mesmo, que nos preocupa ainda mais estas denúncias de que sua Coordenação esteja reproduzindo práticas tipicamente patronais de assédio moral, ataques a direitos trabalhistas, sobretudo às mulheres. Portanto, criticar e denunciar ações patronais de assédio e medo entre as organizações populares é essencial. Inclusive, para defender a importância dos agentes de base da entidade, das trabalhadoras da entidade e dos dados de Conflitos no Campo, fundamentais a todos camponeses, povos, comunidades tradicionais e toda a classe trabalhadora que tem no Agronegócio seu inimigo.

Assim, nos solidarizamos às trabalhadoras demitidas do CEDOC-CPT em suas reivindicações:

FIM DAS PERSEGUIÇÕES REALIZADAS PELA CONAC!
READMISSÃO IMEDIATA DAS TRABALHADORAS PERSEGUIDAS!
FIM DOS ABUSOS NO LOCAL DE TRABALHO!

Assinam esta nota:
* Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar (Confetraf)
* Coletivo Invisíveis
* Edições Tormenta
* Associação de Trabalhadores de Base (ATB-RJ)
* Acervo Trans Anarquista
* Organização Popular – RJ
* Tem Base?
* Treta no Trampo
* Organização Popular Terra Liberta – CE
* Movimento Passe Livre – Distrito Federal e Entorno
* Movimento Passe Livre – Grande Recife
* Crítica Desapiedada
* Trindade Vive – Coletivo de Luta pelo Território Tradicional Caiçara
* Grupo Paraty em Rede
* Boletim Autonomia
* Federação das Organizações de Base (FOB)
* Grupo Comunista Antípoda
* Ruptura Espaço Cultural
* Coletivo CHAMA – Servidores técnicos da UERJ
* Organizacão Política Proletária
* ⁠Boletim Batalhar

2 COMENTÁRIOS

  1. Quando a gente acha que a Conac já atingiu o fundo do poço, ela sempre consegue arranjar uma forma de cavar mais fundo ainda. Que nojo desses coordenadores assediadores e omissos.

  2. Parece que um requisito para a vaga na coordenação nacional da pastoral da terra é ser assediador. Não importa se é assédio sexual ou moral quem cumprir o requisito em sua regional vai cair pra cima. E os bispos estão cumprindo também com seus papéis de bons representantes do catolicismo fechando os olhos silenciando e defendendo os seres e as atitudes mais execráveis. A podridão da igreja católica só está começando a aparecer pouco a pouco em Goiânia. Ainda tem muita coisa pra vir a tona a PUC que o diga…

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